Não há data para demissão de funcionários

9/9/2014 - Sorocaba - SP

Cruzeiro do Sul

Para os 110 funcionários do Hospital Dr. André Teixeira Lima o momento é de incerteza pelo anúncio do fechamento da instituição. Segundo a psicóloga Graziela Ferraresi, que atua no local há 12 anos, ainda não há uma data firmada para o desligamento de toda a equipe. "Os pacientes e funcionários vão sofrer essa ruptura. A gente espera que os pacientes possam ir embora tranquilos e que o poder público coloque todo mundo numa residência terapêutica, para que eles não vivam outras situações de abandono."

Sobre as denúncias, feitas pela Comissão de Saúde da Câmara, que esteve no local na manhã de quarta-feira, acompanhada de uma equipe de TV, quando foram registradas imagens de pacientes nus, descalços, chão sujo de urina, camas sem colchões ou cobertores e denúncias de mortes suspeitas e agressões no local, as situações foram confirmadas pela diretoria da instituição em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul. "Às 6 horas da manhã, na sua casa, você está com a cama arrumada? Chegaram invadindo, acordando pacientes com uma câmera. Se nos tivessem dado a condição financeira que será dada a partir do momento que nossos pacientes tiverem alta daqui - eles triplicam o valor da diária - conseguiríamos fazer esse trabalho", reclama Graziela, citando a diária de R$ 42, por paciente, que atualmente é repassada pelo Ministério da Saúde à instituição.

Para o vereador Izídio de Brito (PT), que participou da visita surpresa, a situação do local piorou muito nos últimos anos. "Recebemos denúncias constantes de falta de funcionários, de maus-tratos e brigas internas."

O presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde), Milton Sanches, contou que se reuniu no sábado com o diretor clínico do Teixeira Lima, Dirceu Doretto, para discutir as condições de desligamento dos funcionários da instituição. "Eles foram pegos de surpresa e trabalharão para negociar os contratos e, com isso, fazer um caixa suficiente para arcar com as rescisões."

Sanches reclamou do passivo trabalhista que está sendo gerado com o fechamento dos hospitais psiquiátricos. "Esse é o terceiro em Sorocaba, no total são quase 500 trabalhadores sem emprego."

Graziela lamenta a impossibilidade da instituição de continuar o trabalho no novo modelo. "Por que eles não passam esse dinheiro para a gente? Já temos duas residências terapêuticas, que funcionam há alguns anos, mas nunca foram reconhecidas pelo poder público", diz.

As residências terapêuticas são casas comuns destinadas a abrigar pessoas com transtornos mentais que perderam vínculo com suas famílias. Estes espaços são mantidos com os recursos que deixam de ser repassados aos leitos psiquiátricos, após o fechamento dos hospitais. Os pacientes passam a conviver socialmente, com apoio de uma equipe multidisciplinar.

De acordo com portaria do Ministério da Saúde, só podem se credenciar para a administração das residências entidades de natureza pública ou não-governamental, sem fins lucrativos.

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