da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba
Qualquer redução observada na taxa de mortalidade infantil de uma cidade ou região deve, em princípio, ser comemorada. A queda indica que um determinado número de bebês conseguiu importantes vitórias nos dias iniciais de sua existência. Superaram os desafios do ciclo de gestação, do parto e da neonatalidade e chegaram vivos ao primeiro aniversário – cumprindo o objetivo para eles traçado pela natureza.
Sorocaba, no ano que passou, atingiu duas marcas importantes em termos de redução da mortalidade infantil. Fechou 2013 com sua menor taxa de mortalidade infantil (TMI) em meio século e obteve uma redução de 10% no número de óbitos infantis em relação a 2012.
Apesar disso, o governo e povo desta cidade têm excelentes motivos para estarem insatisfeitos com o número de crianças nascidas vivas que perecem antes que completem 1 ano de vida. Indicadores relativos à própria Região de governo demonstram que é possível reduzir tais indicadores.
O governo municipal quer reduzir essa taxa insatisfatória, mas, considerados os fatores que aqui impulsionam a mortalidade infantil, só o conseguirá se contar com uma fortíssima participação da comunidade.
Na vida recente da cidade, a mortalidade infantil sempre foi um problema sério, mas por razões que foram se alterando com o passar do tempo.
Até a década de 60, a maior parte das crianças ainda nascia em casa, com a assistência de parteiras, umas qualificadas, outras não.
Nascidas, encontravam ao redor de si um ambiente hostil. A água potável só chegava a uma parte da cidade, muitos bairros não tinham coleta de esgoto e o tratamento deste era um sonho distante. Mortes no parto, no período imediatamente posterior ou, nos anos seguintes, pela diarreia e outras doenças transmitidas pela água eram muito comuns.
No instante seguinte, equacionado, para a maior parte dos habitantes, o problema do acesso à água tratada e da coleta do esgoto, a principal causa da mortalidade infantil tornou-se a subnutrição.
Esse problema foi valentemente enfrentado, em nível nacional, pela Pastoral do Menor da Dra. Zilda Arns – que, por sinal, seria uma magnífica candidata a um lugar entre as primeiras santas brasileiras.
Zilda Arns teve o firme apoio dos governos do Presidente Fernando Henrique e, mais tarde, em Sorocaba, do governo municipal.
Hoje, o que ceifa muitas vidas de crianças é a ausência dos exames pré-natais, que são gratuitos e estão disponíveis na rede pública de saúde e as complicações no parto por problemas que, na ausência de tais exames, não são detectados na gestação.
É aí que a coisa escapa do controle do poder público e requer uma reflexão serena e lúcida da comunidade.
Muitas adolescentes e mulheres ou não sabem que estão grávidas ou, o que é mais provável, escondem o fato e enfrentam a gestação sem apoio das famílias e da figura emergente e omissa do namorido, mistura de namorado com marido que finge nada ter a ver com o que está ocorrendo com sua parceira.
Os pais insistem em fechar os olhos para o fato de que a vida sexual ativa dos adolescentes começa hoje muito mais cedo do que eles imaginam. Também não se dão conta de que, em tal contexto, sem o uso da camisinha, a adolescente do sexo feminino está totalmente desprotegida quer da gravidez indesejada que das múltiplas doenças sexualmente transmissíveis, das quais a mais temida é, com razão, a Aids.
Fazem de conta que não sabem que, em assim agindo, colocam em risco a vida de suas filhas, o equilíbrio psicológico do futuro pai e, principalmente, submetem a ameaças perfeitamente evitáveis a vida do neto concebido fora do matrimônio.
É preciso que nossas lideranças abram os olhos para essa realidade, se deem conta de que é preciso agir em consonância com os seus próprios princípios de que não existe nada mais importante que a vida.
Somente assim conseguiremos colocar em prática, na nossa terra, o ensinamento do papa Francisco de que não há mães solteiras. Há mães, pura e simplesmente.
Por via de consequência, não há também pais solteiros ou avós de pais e mães solteiros, mas somente avós e candidatos a avós.
Estes precisam agir, como conselheiros se for o caso, como orientadores se a realidade o exigir, para que nenhuma mãe por falta de amparo moral da família ou do namorado fique sem a assistência pré-natal e, por conta disso, ponha em risco o filho que dentro dela se gesta.
Somente assim conseguiremos salvar vidas e reduzir a incômoda taxa de mortalidade infantil de Sorocaba, ponto fora da curva no desenvolvimento humano da cidade.