da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba
Os motivos alegados pelos munícipes são os mais variados possíveis, porém os critérios da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) para autorizar o serviço são rigorosos
Em média, 40 pedidos de corte de árvores são feitos por semana na Prefeitura de Sorocaba pelos mais variados motivos. De risco de quedas até o fato de que as folhas fazem "sujeira" e entopem as calhas das residências, já apareceu de tudo nas solicitações. Porém, os critérios da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) para autorizar os serviços são bastante rigorosos. De acordo com a equipe de Controle Ambiental e Licenciamento da pasta, responsável por analisar esses pedidos, aproximadamente 80% das solicitações são indeferidas.
"Acredito que a consciência ecológica do povo sorocabano vem mudando bastante, principalmente porque estão começando a associar as questões ambientais com aspectos que se traduzem em melhor qualidade de vida. Porém, em relação às árvores nas calçadas, é preciso ainda mais conscientização para que o número de solicitações de corte de árvores seja reduzido", destaca Jussara de Lima Carvalho, secretária do Meio Ambiente.
"Sorocaba é uma cidade muito quente, cuja localização geográfica contribui para que seja ainda mais quente, o que faz com que, em determinadas épocas do ano, o calor fique insuportável. As árvores nos proporcionam um grande conforto térmico. Quem nunca procurou a sombra de uma árvore? Esse é um dos vários benefícios que elas nos proporcionam", explica.
Os principais aspectos levados em consideração no deferimento ou no indeferimento da solicitação são o estado fitossanitário (a saúde da planta) da árvore, oferecimento de perigo à população (possível queda de ramos sobre pedestres, por exemplo), o grau da interferência da árvore em edificações existentes e a falta de alternativa técnica para implantação de projeto de edificações.
"Nossos técnicos vão até o local e fazem um relatório minucioso, muito bem detalhado, com informações sobre a árvore como um todo, seu tronco, seus galhos, que servem para definir se será necessária alguma intervenção, seja a supressão ou até mesmo uma simples poda", explica Jussara de Lima Carvalho, secretária do Meio Ambiente.
Conforme Dhébora Sanches, fiscal ambiental da Secretaria do Meio Ambiente, os motivos alegados pelos munícipes para a necessidade do corte das árvores são os mais variados: pessoas que se utilizam da árvore para usar drogas ilícitas ou que o exemplar serve de abrigo para morcegos. "As pessoas reclamam até que a árvore balança muito ou que é alta demais", comenta.
De acordo com a Sema, no caso de interferência dos galhos na fiação aérea e o entupimento de calha, podem ser resolvidos com a poda do exemplar arbóreo e a manutenção periódica de calhas, respectivamente. Já no caso da "sujeira" causada pela queda de folhas e flores, os benefícios da presença da árvore possuem maior peso na decisão e os pedidos são negados.
Já com relação ao cupim, Ana Rita de Cássia Leite, chefe de divisão de Controle Ambiental e Licenciamento da Sema, ressalta que a princípio esse tipo de praga convive harmonicamente com a árvore. "Mas há casos em que ocorrem infestação o que acaba deixando a árvore oca. Aí então é feita uma análise para verificar a necessidade do corte da árvore, mas nem sempre é necessário e nesse caso fazemos um monitoramento periódico", declara.
Outro detalhe importante de destacar é que uma árvore "seca", ou melhor, sem folhas, não significa árvore morta. "Muitas pessoas acham que por estar sem folhas, a árvore está morta, mas na maioria das vezes isso não é verdade. Esse aspecto faz parte do ciclo de vida das árvores caducifólia, ou árvores caducas", explica Dhébora. É o caso, por exemplo, que acontece com os ipês e com as amendoeiras, que perdem todas as suas folhas no inverno, mas que recuperam todo seu vigor logo depois.
Por último, vale destacar que toda a árvore, assim como os outros seres vivos, tem um ciclo de vida, ou seja, nasce, cresce e morre. Esse processo pode levar décadas ou mais de mil anos, dependendo da espécie. "Toda a árvore tem o seu tempo de vida, tem espécies com o ciclo curto e outras de ciclo longo", explica Ana Rita.
Um exemplo disso foram as 32 árvores da Praça Frei Baraúna, no Centro, que tiveram que ser suprimidas por estarem no final de seus ciclos de vida. De acordo com a Sema, uma equipe técnica realizou uma vistoria no local e constatou a necessidade do corte dessas árvores já que as mesmas estavam comprometidas por apresentarem os troncos ocos, secos, além de algumas com inclinação atípica e/ou com podridão, evitando assim possíveis acidentes que poderiam ser provocados pela queda.
Pedido negado
O aposentado Arlindo Nunes da Silva, morador do Retiro São João, fez a solicitação de corte de dois exemplares arbóreos da espécie canelinha que estão em frente a sua casa. O pedido foi feito com um sentimento de tristeza, já que ele mesmo plantou os dois exemplares há 24 anos. "Gosto demais delas, não queria que tivesse que cortar. Se você soubesse a felicidade que tenho de todo dia ter que varrer a 'sujeira' que elas fazem", brincou.
A solicitação foi feita porque tinham medo que as árvores caíssem, já que uma está com uma aparência "seca" e a outra apresentava uma lesão. "Ficamos com medo que elas caíssem por causa do tamanho delas e arrumássemos confusão com os vizinhos. Como não sei nada sobre o assunto, achamos melhor solicitar que a Prefeitura viesse aqui para fazer uma vistoria", comentou Eliana Nunes da Silva Brás, uma das filhas de Arlindo.
A fiscal ambiental da Secretaria do Meio Ambiente analisou as duas árvores e negou o pedido de corte, porém vai solicitar a poda e fazer o monitoramento de ambas. "Vamos fazer uma poda revigorante para ver se a árvore volta a produzir folhas. Ela tem o fungo orelha de pau, que consome as estruturas celulares de uma árvore e pode ocasionar podridão que pode interferir na transferência de seiva. Pode ser isso", explicou Dhébora.
Na outra árvore que o munícipe disse estar oca, a técnica da Sema informou que vai monitorar para ver se o buraco que ela apresenta é pela presença de cupim. "Nós também vamos podá-la e ver se a lesão vai cicatrizar", declarou.
Segundo Eliana, a família não desejava o corte das árvores. "Agora fico mais tranquila, principalmente porque a funcionária da Prefeitura disse que quanto mais a árvore balança, melhor é, pois é sinal que ela está bem", afirmou. De acordo com a fiscal ambiental, enquanto a árvore tem elasticidade o risco de queda de galhos é menor. "Na medida em que os ramos ficam rígidos, o risco de quebra e consequente queda de galhos são maiores", explica Dhébora.
"Em época de calor essas árvores nos dão sombra e na primavera aqui fica cheio de passarinho. Os vizinhos reclamam e muitos nesta rua não têm árvores em frente às casas, mas muita gente senta aqui em nossa sombra em dias quentes. O grande problema é que as pessoas não sabem o bem que essas árvores fazem para a gente", finalizou Eliana.
Como funciona
Para suprimir ou podar árvores no município é necessário obter uma autorização da Secretaria do Meio Ambiente, conforme a Lei Municipal n° 4812/1995. O corte ou a supressão realizados sem autorização é passível de multa.
Qualquer munícipe que necessita de poda ou remoção de uma árvore deve fazer o pedido no Setor de Protocolo Geral da Prefeitura de Sorocaba, localizado no andar térreo do Paço Municipal. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h45.
Em seguida, um técnico da Secretaria do Meio Ambiente fará a avaliação técnica e emitirá o laudo sobre a árvore que norteará a tomada de decisão quanto ao deferimento ou indeferimento da solicitação.
Quando o munícipe solicita a retirada de árvores localizadas em passeio público e esta solicitação é deferida, cabe ao morador o plantio e/ou doação de três mudas de árvore ao viveiro municipal localizado no Parque Municipal "Chico Mendes". Nesse caso, o serviço e os custos de retirada são de responsabilidade da Prefeitura de Sorocaba.
A Secretaria do Meio Ambiente explica que o munícipe deve arcar com as despesas pelo serviço contratado para o corte da árvore quando a mesma estiver no quintal da sua residência. É importante ressaltar que para realizar o corte de árvore, mesmo em área particular, deve ser obtida uma prévia autorização da Secretaria do Meio Ambiente. "As árvores realizam um serviço ambiental para todos ao redor, por isso, mesmo dentro do terreno, é necessário obter autorização e fazer a compensação ambiental", finaliza Ana Rita.