da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba
O local garantirá a preservação de uma vegetação predominantemente de Mata Atlântica, nascentes de água e cerca de 150 diferentes espécies de animais e 63 diferentes espécies arbóreas
A Prefeitura de Sorocaba já deu início ao plano de manejo do Parque Natural Municipal Corredores de Biodiversidade "Marco Flávio da Costa Chaves", a primeira unidade de conservação de Sorocaba, localizada numa área anexa ao Parque Tecnológico, próxima ao Complexo Industrial da Toyota, na Zona Norte da cidade. Além da recuperação da mata nativa, será necessário o manejo de 60% dos eucaliptos existentes em 56 dos 63 hectares de área do parque.
"Essa recuperação ambiental é uma experiência pioneira em Sorocaba. Pelo menos nesse nível, acredito que nunca tenha sido feita em nossa cidade. A previsão é que em três anos teremos a maior parte do parque recuperada com o plantio de espécies arbóreas nativas", destaca Jussara de Lima Carvalho, secretária do Meio Ambiente (Sema). A iniciativa tem investimento de cerca de R$ 700 mil, originário da Toyota como compensação ambiental pela implantação do complexo industrial de Sorocaba.
Desde julho, uma equipe terceirizada contratada pela Toyota está no parque realizando a limpeza da área, o preparo do solo com a abertura dos berços e o plantio das mudas. A previsão é que este processo seja finalizado em 6 meses. Após o plantio, será feita o monitoramento e a manutenção num período de 2 anos, para o controle de formigas e a remoção de espécies exóticas invasoras, como as braquiárias.
Conforme César Augusto Scaglianti, engenheiro agrônomo da Secretaria do Meio Ambiente, em alguns locais será necessária a recuperação total, em outros um enriquecimento ou um adensamento e em algumas áreas apenas uma limpeza. Além dos eucaliptos e a braquiárias, algumas espécies exóticas, como a leucena, também estão sendo manejadas. "Elas são nocivas para a restauração porque essas espécies se espalham com muito vigor", explica.
No lugar dessas árvores retiradas, berços estão sendo abertos para receberem mudas de mais de 80 espécies nativas, entre pioneiras e não pioneiras, com no mínimo 60 centímetros de altura. A estimativa da Sema é que serão plantadas uma média de 1.000 a 1.500 mudas por hectare. Além disso, serão plantados alguns exemplares que estão na lista de espécies ameaçadas de extinção, como a araucária, por exemplo. "Com isso, será restaurada a biodiversidade nativa", conta César.
Outro detalhe do plantio é a diversificação de mudas. "É importante misturarmos as mudas pioneiras e a não pioneiras num mesmo local para garantir a diversidade da flora", destaca o engenheiro agrônomo da Secretaria do Meio Ambiente.
As plantas pioneiras têm condições de se estabelecerem com menor umidade e iluminação, têm um crescimento rápido e vive aproximadamente 40 anos, como açoita-cavalo, jacarezinho e cambará. Já as não pioneiras necessitam de mais sombra, umidade e matéria orgânica, como o jequitibá - a espécie mais nobre da flora brasileira - e vive mais de 100 anos. "Como as pioneiras se desenvolvem rapidamente, elas formarão sombra necessária ao bom crescimento das plantas não pioneiras", comenta César.
Com relação à época adequada para essa restauração, César explica que como agora está em época de estiagem estão sendo utilizadas bolinhas de gel, que são colocados no fundo do berço onde serão colocadas as mudas. "Esse gel absorve 10 vezes o seu volume de água e as plantas aos poucos vão absorvendo. As mudas ainda não estão enraizadas como as plantas adultas e precisam de água até se estabelecerem para aguentar até o início das chuvas", ressalta.
O diretor de área de Gestão Ambiental da Sema, Vidal Dias da Mota Junior, ainda cita que uma das preocupações da administração municipal com o Parque de Biodiversidade é com as queimadas que são frequentes na região nesta época do ano. Para combater incêndios no local, além de ter a sua disposição uma viatura autobomba recebida pela compensação ambiental da Toyota, a Secretaria do Meio Ambiente também fez aceiros em todo o entorno no parque, com 4 metros de largura e cerca de 9 quilômetros de extensão, para proteger a mata.
De acordo com Vidal, todas as mudas que estão sendo utilizadas no plano de manejo são produzidas nos viveiros municipais que são consorciados às Penitenciárias "Dr. Danilo Pinheiro", no Mineirão, e "Dr. Antônio Souza Netto", em Aparecidinha; além dos existentes no Parque Natural "Chico Mendes", na Universidade de Sorocaba (Uniso) e no Clube do Nais/SOS Eco.
Sobre a Unidade de Conservação
Situado numa região de floresta estacional semidecidual, com uma vegetação predominantemente de Mata Atlântica, o Parque de Biodiversidade é uma unidade de proteção integral, na categoria Parque Municipal, definida pela Lei Federal nº 9.985/2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Snuc). Sua função principal é a de proteger integralmente a fauna e a flora típicas da região, ampliando a proteção das Áreas de Proteção Permanente (APPs) dos afluentes do Rio Sorocaba, onde não é permitida qualquer atividade ou intervenção.
O Parque de Biodiversidade também propiciará o desenvolvimento de pesquisas científicas em parceria com as universidades, educação ambiental, ecoturismo e lazer, além de ampliar e proteger os corredores de biodiversidade e fragmentos de vegetação nativa na Zona Norte de Sorocaba, garantindo a conectividade e o fluxo gênico.
O local garantirá a preservação de uma vegetação predominantemente de Mata Atlântica, nascentes de água e cerca de 150 diferentes espécies de animais e 63 diferentes espécies arbóreas. Para a secretária Jussara de Lima Carvalho, a criação do parque foi de vital importância para assegurar a conservação ambiental em uma região de forte expansão econômica.
"Com esta unidade de conservação ambiental, vamos amenizar os impactos decorrentes desse crescimento, colaborando para a conservação das espécies da região e estimulando a conservação e expansão da biodiversidade regional", observa Jussara.