Estação Ferroviária de Sorocaba celebra seus 138 anos

4/7/2013 - Sorocaba - SP

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

Estação Ferroviária de Sorocaba celebra seus 138 anos

Um dos principais cartões postais da cidade e xodó do sorocabano, a Estação Ferroviária celebra no próximo dia 10, quarta-feira, os 138 anos da  conclusão das obras da então recém criada Via Férrea Sorocabana. Obra do idealismo e determinação de Luiz Matheus Maylasky, a ferrovia é o marco de importantes fases do desenvolvimento de Sorocaba e, para comemorar a data, a Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Cultura e Lazer (Secult), programou uma série de eventos.

Haverá uma exposição de fotos antigas, a exibição de vídeos e documentários que falam desse patrimônio local. Além disso, o Museu da Estrada de Ferro vai exibir, até o dia 3 de agosto, a 'pena' que pertenceu a Maylasky e com a qual o visionário húngaro registrou seus feitos na história da cidade, de São Paulo e do Brasil. O Museu, instalado na rua Dr. Álvaro Soares, 553 , bem em frente à Estação Ferroviária,  poderá ser visitado de quarta-feira à sábado, das 9h às 12h e das 13h às 16h30.

A exposição de fotos, que conta com o apoio de ferreomodelistas sorocabanos, acontecerá no dia 10, a partir das 13h, na Casa do Turista, anexa à Estação. No mesmo local, a partir das 19h, haverá exibição dos filmes "E.F. Elétrica Votorantim", "O Trem Paulista" , um cine-jornal produzido em 1958 por Landa Lopes,  "A Estrada de Ferro Sorocabana"  e "Bandeirante Apiaí".   As atrações são gratuitas.

Veja abaixo a sinopse.

"E.F. Elétrica Votorantim"  -  15min

Película rara de 1922 sobre a inauguração do serviço de bondes elétricos entre a Estação Paula Souza e a fábrica de tecidos que compunha o núcleo industrial da família Pereira da Silva.

"O Trem Paulista" – 10 min

Filme produzido em 1962 pela Cia. Cinematográfica Cruzeiro do Sul para divulgar os investimentos realizados pelo governo estadual nas ferrovias paulistas. Contém cenas raras de Sorocaba, Bauru, Araraquara e outras cidades. Acervo resgatado e divulgado pelo Museu da Imagem e Som, Associação Paulista de Modelismo Ferroviário e Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

"Cine-jornal" -  8 min

Produzido em 1958 pela Esplanada Filmes, da produtora Landa Lopes, mostra a inauguração do refeitório dos funcionários das oficinas da Estrada de Ferro em Sorocaba e a visita da comitiva ao recém criado Instituto Educacional "Matheus Maylasky". Documentário divulgado pelo IHGGS.

"A Estrada de Ferro Sorocabana"

Outra edição do cine-jornal produzido no mesmo ano com reportagem sobre melhoramentos na ferrovia, como o desembarque de trens-unidades importados do Japão, inauguração do ramal de Theodoro Sampaio e diversas obras. Documentário obtido após pesquisa no acervo do IHGGS em 1994, por Stênio Gimenez.

"Bandeirante Apiaí"  - 20min

Inédito, o filme é de 1997 com imagens gravadas por Stênio Gimenez na viagem inaugural do que foi a última iniciativa do Estado em promover o transporte de passageiros pela ferrovia, entre Sorocaba e Apiaí. O serviço que durou até 1º de março de 2001.

 Maylasky e a EFS

A companhia Sorocabana nasceu de um capricho de Luiz Matheus Maylasky

(representado pela escultura da direita), "o estrangeiro misterioso",

 A companhia Sorocabana nasceu de um capricho de Luiz Matheus Maylasky, "o estrangeiro misterioso", como o chamavam. Ele nasceu em Lemberg (Hungria), em 21 de agosto de 1836. Chegou a Sorocaba ninguém sabe de onde e sem um tostão no bolso. Foi acolhido pelos padres do Mosteiro, onde logo reconheceram que tratava-se de alguém de raros conhecimentos, pois falava diversos idiomas e, com especialidade, o latim.

Sendo ele um rapaz inteligente e honesto, conquistou a simpatia de Sorocaba. Bem relacionado pelo seu modo culto, tornou-se em pouco tempo o homem que, mais tarde, prestou relevante serviços não só ao povo local, como também um melhoramento à terra que em boa hora teve a suprema ventura de o acolher em sua sociedade.

Na Rua da Quitanda, hoje Rua Maylasky, esquina da Rua da Penha, no Centro, existia num prédio antiquíssimo um velho descaroçador de algodão movido à vapor que não funcionava, devido a sérios problemas na máquina. Maylasky, sabendo disso, examinou o equipamento e, por conhecer um pouco de mecânica, da certeza prática e afinidade para qualquer ramo de serviço, comprometeu-se repará-lo. O que fez, deixando o descaroçador em condições de uso.

Corria o ano de 1867, era das famosas Feiras de Sorocaba. Não havia nenhuma fábrica na cidade, a não ser algumas máquinas de beneficiar algodão. Surgiu sua primeira iniciativa: estabelecer em Sorocaba o "Trust" do algodão. Vale lembrar que nos Estados Unidos estava ocorrendo a "Guerra da Secessão" onde, devido a isso, estagnara-se a cultura do algodão, criando assim, a oportunidade de novos fornecedores de estabelecerem o comércio desde produto no mercado europeu, em especial à Inglaterra.

Maylasky estabeleceu-se com um grande armazém na Rua do Commercio (hoje Barão do Rio Branco). Comprava algodão e, depois de beneficiar, o remetia para os centros industriais e para o estrangeiro, conquistando a confiança na praça de São Paulo, Santos e Rio de Janeiro. Maylasky instruía também os pequenos lavradores, auxiliando em seus plantios, e até com dinheiro, tornando-se, com isso, uma pessoa relevante na sociedade sorocabana.

Em 1868 resolveu  fundar uma fábrica de tecidos em Sorocaba. Transposto o maquinário à cidade, construiu um barracão para estabelecer sua fábrica, cujo prédio serviu mais tarde, para as oficinas de locomoção da "Sorocabana". Em 1869 surgiu a ideia dos ituanos de construírem uma via férrea ligando Jundiaí a Itu. Face ao alto custo do empreendimento, capitalistas sorocabanos foram convidados para entrarem como acionistas da "Companhia Ituana", que formara-se para construir a linha. Maylasky se pôs à frente, convidando as pessoas de relevância da cidade para o levantamento do capital necessário. Porém, era de interesse dos sorocabanos de que esta linha não ficasse só até Itu, mas que se estendesse até Sorocaba para que também se beneficiasse da ligação férrea.

Consta que nessa reunião - efetuada em 20 de janeiro de 1870 - na qual a comissão sorocabana foi muito mal recebida, estimulou Maylasky a organizar e fundar em Sorocaba, em 1871, a "Companhia Sorocabana" afim de construir uma via férrea de Sorocaba a São Paulo, intento que foi levado a efeito, inaugurando o tráfego em 10 de julho de 1875.

Quando já iniciados os trabalhos da construção da via férrea "Sorocabana", Maylasky entendeu que Sorocaba necessitava de um apto estabelecimento gráfico para confecção de impressos para a Companhia, como também, a fundação de um periódico que servisse para a publicação de seus atos e, sobretudo, para a propaganda no seu desenvolvimento da lavoura que tanto Sorocaba necessitava.

Em recompensa aos relevantes serviços prestados, Maylasky foi mais tarde agraciado por D. Pedro II com o título de "Visconde de Sapucahy". Após quase dez anos de incansáveis lutas, retirou-se da Diretoria da Estrada em 1880. Em viagem à Europa, morreu em Nice (França) em fevereiro de 1906. Seu corpo foi embalsamado e transportado para sepultamento no Cemitério de São Francisco Xavier, Rio de Janeiro.

Três anos depois de inaugurada, a Sorocabana estendeu suas linhas até Tietê, Tatuí, Itapetininga e Botucatu. Também em 1877, os trilhos da Companhia Ituana atingiam Piracicaba, onde promoveriam a integração com o transporte fluvial à vapor. Como as duas ferrovias serviam à mesma região e tinham os mesmos interesses, elas uniram-se formando a maior rede ferroviária do Estado, com 820 km de extensão. Com a nova empresa, as linhas prolongaram-se de Botucatu a Cerqueira César, no ramal de Bauru até Bom Jardim, e de Itu a Mairinque, perfazendo um total de 908 km.

No começo do século, após grande esforço de avançar suas linhas até os limites com os estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, a Sorocabana não resistiu à crise financeira que se abateu sobre o País, obrigando-a a entrar em regime de liquidação forçada. No período de 1907 e 1919, o governo de São Paulo arrendou-a a um consórcio franco-americano, quando ela operou com o nome de Sorocabana Railway Company e atingiu as margens do Rio Paraná, em Presidente Epitácio.

A partir de 1919, ela voltou a ser administrada pelo Estado sob a denominação de Estrada de Ferro Sorocabana. vinculada à Secretaria de Aviação e Obras Públicas. Entre 1927 e 1937, a Sorocabana realizou uma obra de grande proeza, certamente um do maiores feitos ferroviários do Brasil: a construção da linha Mairinque - Santos, que transpôs a Serra do Mar pelo sistema de simples aderência.

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