da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba
O Brasil convive, neste momento, com a primeira grande onda de protestos após a universalização da internet e o consequente fortalecimento das redes sociais como instrumento de mobilização popular em nosso país.
Tendo como motivação inicial o recente reajuste do preço das passagens de ônibus, ela rapidamente multiplicou suas bandeiras. Neste momento, dezenas de milhares de pessoas exprimem, em ruas, avenidas e praças, sua insatisfação com a qualidade de serviços públicos como saúde, educação e segurança pública; questionam o acerto dos gastos dos governos, com destaque para os grandes investimentos em suntuosas arenas esportivas e se manifestam insatisfeitos com a corrupção e sua grande aliada, a impunidade.
Os partidos políticos – até mesmo as microlegendas de extrema esquerda – foram surpreendidos pelas manifestações e pela terminante recusa de seus participantes de permitirem que elas sejam rotuladas e manipuladas por esta ou aquela legenda.
Há grande perplexidade dos especialistas em inteligência policial, que não conseguiram detectar a formação do vendaval e dos jornalistas, sociólogos e especialistas em ciência política que se veem sem ferramentas teóricas para interpretar o que está acontecendo e prever até onde os protestos se estenderão.
Enquanto se mantiverem pacíficos e não lesarem outros direitos sociais, as manifestações ocorrem ao abrigo da Constituição, nada mais representando que o exercício coletivo dos direitos de expressão e reunião.
Há que se reconhecer que, a despeito dos avanços políticos e sociais das últimas décadas, não faltam motivos ao brasileiro para se indignar com a demora na resolução de nossos problemas maiores e no combate eficaz a cancros antigos como a corrupção e a impunidade que, cada vez mais, beneficia até os criminosos comuns.
Em vez de denunciar possíveis inconsistências dos protestos ou de recitar a velha explicação de que se está fazendo o possível, a melhor atitude das lideranças políticas e sociais, diante do que aí está, é admitir que a insatisfação existe, arregaçar as mangas e cumprir suas tarefas com mais eficiência, rigor e sensibilidade ao interesse público.
*Artigo originalmente publicado pelo jornal Bom Dia Sorocaba nesta quarta-feira (19 de junho de 2013)