ARTIGO DO PREFEITO - Enfrentar o déficit de leitos SUS

15/4/2013 - Sorocaba - SP

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

O debate travado na Câmara, acerca da decisão do governador Geraldo Alckmin de incluir, entre os primeiros quatro hospitais regionais estaduais a serem construídos no regime de Parceria Público-Privada (PPP), o 2º Hospital Regional de Sorocaba, chama a atenção para um dos nossos problemas mais sérios e menos conhecidos: a grande carência de leitos hospitalares públicos com que a cidade convive.

Essa questão tem de ser enfrentada com urgência e sensibilidade para reduzir os problemas de assistência hospitalar enfrentados pela população mais pobre.

O Município tem hoje 392 leitos SUS, geridos pela sua Secretaria da Saúde (SES). Seria um ótimo número se fôssemos uma cidade com 160 mil habitantes ou menos que isso. Mas a nossa população é três vezes e meia maior: 598 mil habitantes.

Segundos os padrões mundialmente aceitos, uma cidade, para ter um sistema hospitalar capaz de bem atender seu povo, precisa contar com 2,5 leitos hospitalares SUS - públicos, gratuitos e de boa qualidade - para cada grupo de mil habitantes. Ou seja, Sorocaba precisaria ter hoje 1.450 leitos SUS, 1.058 a mais do que aqueles de que dispõe.

Com o Hospital Público da Zona Norte a Prefeitura vai reduzir esse déficit ampliando a oferta em 200 leitos. Isso será muito bom, mas atenderá apenas uma quinta parte de nossas necessidades.

O 2º Hospital Regional, a ser erguido no quilômetro 106 da Rodovia Raposo Tavares, terá 200 leitos, 100 dos quais de Terapia Intensiva. Desse total, estima-se que uns 30% - ou seja, 60 leitos - serão utilizados para atender pacientes de Sorocaba, principalmente nos casos mais graves, pois ele foi planejado para tratar de casos de alta complexidade.

Esse acréscimo de 60 leitos SUS é importantíssimo, sob o ponto de vista quantitativo e principalmente sob o aspecto qualitativo, pois permitirá que aqui sejam realizados procedimentos e cirurgias para as quais a rede pública atualmente não se acha estruturada.

Com a implantação do Hospital Público da Zona Norte e do 2º Hospital Regional daremos um significativo passo à frente, acrescentando 260 leitos ao sistema público. Apesar disso, o nosso déficit ainda será alto: cerca de 800 leitos. Teremos muito a fazer, em anos próximos, para atingirmos, nessa área, índices tão bons quanto os que Sorocaba tem alcançado em outros setores sociais.

Inaceitáveis, pois, as manobras protelatórias de quem, levianamente, afirma não haver pressa em resolver a questão e, assim, põe em risco a construção do Regional 2. Note-se que o projeto em exame no Legislativo é absolutamente igual àquele que a Câmara aprovou no ano passado. A única diferença é a troca da expressão "cessão de área" por "doação de área".

A maioria da Câmara, efetivamente comprometida com os interesses da população, precisa descartar essas manobras injustificáveis.

Urge fazer com que a real vontade dos sorocabanos prevaleça e a área seja doada para que o Regional 2 seja implantado no prazo previsto. Essa é a única atitude capaz de assegurar que aquela grande parcela da população, que só conta com o SUS, possa ser mais bem atendida, inclusive nos casos de alta complexidade.

 

*Artigo originalmente publicado pelo jornal Diário de Sorocaba, na edição deste domingo (14/04/2013)

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