Alfa Vida celebra os 24 anos e mais de 9 mil alunos formados

8/4/2013 - Sorocaba - SP

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

Rosa Andreia da Silva nasceu na roça, trabalhou nas lavouras pelo interior de São Paulo e Minas Gerais, até chegar a Sorocaba em 1991. A necessidade de trabalhar e as constantes mudanças da família, levou-a abandonar a escola ainda criança. Adulta, fez um curso de cabeleireira e o trabalho continuou tomando todo o seu tempo e dedicação. Aos 27 anos, ela percebeu que a falta do saber seria uma barreira para crescer na vida e decidiu voltar à escola.

Andreia está entre as mais de 9 mil pessoas beneficiadas pelo curso de alfabetização de jovens e adultos Alfa Vida, criado no primeiro governo do prefeito Antonio Carlos Pannunzio, por meio da Secretaria da Educação. Com muito esforço ela concluiu a 3ª e a 4ª séries do ensino fundamental e em 2010, aos 36 anos recebeu o diploma do ensino médio. "Agora minha meta é cursar a faculdade de estética ou um outro curso na área da beleza. E vou conseguir", diz ela.

"Era preciso fazer alguma coisa para mudar aquele quadro preocupante", relembra Dulcina Guimarães Rolim, secretária municipal da Educação, sobre o índice de analfabetismo de Sorocaba em 1989, que passava dos 10%. Contou com a experiência da educadora Maria Inês Moron Pannunzio, então presidente do Fundo Social de Solidariedade, para a criação do curso de alfabetização de jovens e adultos "Alfa Vida", em 1989.

Ação contra o analfabetismo

O ano de 1989 foi o primeiro ano da administração do prefeito Antonio Carlos Pannunzio e o censo do IBGE apontava que 10,3% da população de Sorocaba não sabia ler, nem escrever. O projeto foi fundamental para a mudança desse triste panorama: o último Censo do IBGE, em 2010, apontou Sorocaba com apenas 3,1% de analfabetismo. "É sem dúvida um avanço considerável para o trabalho que é continuo", destaca Luis Fábio Santos, que foi professor e coordena o Alfa Vida desde 2009. O município de Feliz, no Rio Grande do Sul, é o detentor do menor nível de analfabetismo com apenas 0,97%.

Assim como Andreia, depois de 24 anos de existência o Alfa Vida já mudou a vida de mais de milhares de pessoas, muitas delas, idosos que realizaram o sonho de aprender a ler e escrever. Um dado curioso é que a maioria absoluta dos alunos é oriunda de outras cidades de São Paulo, de praticamente todos os estados brasileiros e até do exterior: em 2012, entre os 550 alunos formados pelo Alfa Vida, havia dois da Coreia do Sul.

Nova vida

Em quase todos os casos, o motivo para terem deixado de frequentar as aulas quando criança ou adolescente é a necessidade de trabalhar, no caso dos homens e trabalho e família, no caso das mulheres. Esse é o caso de dona Elza Martins Pinto, moradora do Parque Laranjeiras. Depois que ficou viúva, voltou a estudar aos 67 anos e pode enfim realizar o sonho de aprender a ler e escrever.

O conhecimento adquirido em sala de aula permite aos alunos descobrir uma vida nova, um mundo de perspectivas bem mais amplas. A cabeleireira Andreia revela que na medida em que avançava nos estudos, começou a ver o mundo de um jeito totalmente diferente. "Minha vida mudou muito. Passei a ver as coisas de outra perspectiva, a enxergar outros valores, descobri o quanto faz bem aprender sempre mais", conta.

Uma gravidez precoce levou Sociene da Silva Souza a abandonar a escola quando ainda adolescente. Até que em 2009, o sonho de estudar, de conquistar o seu diploma, renasceu e, decidiu que era hora de voltar para a escola. Matriculou-se no Alfa Vida, do CEI "Maria das Graças Nardi", da Vila Barão, concluiu o ensino fundamental e agora, aos 44 anos, receberá o diploma do ensino médio. "Pode ser pouca coisa para muitos, mas uma enorme conquista para mim", disse Sociene, que convenceu os tios Geremias Souza Gonçalves e Lourival Oliveira Souza e vários amigos a voltarem aos estudos.

O curso de alfabetização de adultos tem por objetivo dar oportunidade àqueles que não tiveram acesso ao ensino fundamental na idade própria. São muitos os que fizeram do curso uma ponte para um futuro diferente, com evolução ou novas colocações no mercado de trabalho, na vida social.

A hoje psicopedagoga Lucelia Amancia de Souza começou a sua escalada em 2006, depois de ter abandonado a escola na 4ª série. Concluiu o fundamental no Alfa Vida da EM "Maria Ignez Deluno", fez o ensino médio e depois realizou o sonho do diploma universitário. Hoje, trabalha em uma escola particular, e também é eventual em escolas do municipio. "Era uma realização pessoal, me sentia mal só com a 4ª série. Tudo mudou na minha vida, o social, o cultural, relacionamento familiar, a forma de pensar e expressar", conta ela.

Alfa Vida em números

Uma pesquisa realizada entre os alunos do projeto, apontou que 34,7% deles recebem em média dois salários mínimos mensais. Para 83% dos entrevistados, o motivo para voltar aos bancos escolares é aprender a ler e escrever. A origem dos alunos é de praticamente todo o país, liderada por São Paulo, com 28%, seguido da Bahia com 13% e o Paraná com 10,7%.

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