da assessoria de imprensa da prefeitura de Sorocaba
O metalúrgico Ademir Mendes de Queiroz, 40, já sofreu de leptospirose, várias gripes, dores que geraram suspeita de dengue ( não confirmada pelos exames médicos) e ainda ficou, em 2004, 22 dias "quase sem dormir, só socorrendo os outros e vigiando as casas para que não fossem saqueadas", tudo em consequência das enchentes que ocorriam no Vitória Régia, no bairro em que reside há mais de vinte anos.
Hoje, Ademir, mais conhecido naquela região pelo apelido de "Cavalo" do que pelo próprio nome, achou um jeito diferente de comemorar os cinco anos de existência do Núcleo Comunitário de Defesa Civil (Nudec) em Sorocaba e do qual é o presidente da unidade daquele bairro. "Resolvemos comemorar esta data do jeito que mais gostamos: trabalhando para evitar possível danos no verão que se aproxima. Aproveitamos, também, o 'Plano Verão", da Prefeitura, e convidamos o prefeito Vitor Lippi, o diretor-presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), Geraldo Caiuby, e o secretário da Segurança Comunitária, Roberto Montgomery Soares para uma visita e já discutimos as ações preventivas de que necessitamos", explicou.
Ademir vai contando a sua experiência enquanto caminha com o Prefeito Vitor Lippi pelas ruas próximas ao Rio Sorocaba. Revela os pontos em que podem ocorrer alagamentos ao mesmo tempo em que assume: "o bairro melhorou muito, mas, como estamos à margem do Rio Sorocaba, num nível mais baixo que o dele, é preciso ficar atentos."
E vai juntando gente; voluntários se acercam a Ademir e ao Prefeito na caminhada pelo bairro: Pedro Alcântara Filho, Moacir Perez, Giovana Cristina Rodrigues, e Maurício Aparecido Venâncio.
Na caminhada, Giovana aproveita para falar de como é o trabalho dos voluntários: "a gente está sempre de olho no nível do rio. Nos dias de muita chuva nos comunicamos a fim de estabelecer, de acordo com a possibilidade de cada um, os horários em que um ou outro ficará observando as águas. Havendo risco de alagamentos, os moradores são avisados. Caso isso se confirme, imediatamente entramos em contato com a Defesa Civil, que nos dá todo o apoio de que precisamos para socorrer aos moradores."
Ademir diz que as lembranças mais dramáticas estão relacionadas aos fatos ocorridos durante a enchente de 2004: "o bairro virou um rio. Mais de oitenta casas foram invadidas pelas águas, desalojando moradores, destruindo móveis; tudo. Tivemos de usar barcos para tirar os moradores de suas casas. O perigo, nessas condições, é que as águas chegam rápido. Elas surpreendem a gente e, de repente, a correnteza que está na altura de nosso pé pode chegar à cintura ou à altura do peito; é assustador. Naquele ano, a água atingiu a altura de 1,5 metro", contou.
O que, também, ficou dramaticamente registrado na memória de Ademir foi o corte profundo no pé ao pisar num caco de vidro. Mesmo ferido, andou de barco, enfrentou a água pelo peito, nadou e acabou por contrair leptospirose. "Passei mal, acabei no hospital", disse. Os moradores foram alojados em escolas do bairro que são o nosso apoio em situações de emergência, pois é para lá que os moradores são levados.
Apesar dos riscos que enfrentou, Ademir diz estar muito contente. "Se precisar, faço tudo de novo. Com a diferença de que hoje estou melhor preparado para agir nesses casos, porque recebi treinamentos da Defesa Civil. E faria tudo de novo porque eu gosto de ajudar aos outros", afirma.
Responsabilidade Social
Ao agradecer o trabalho fundamental que desempenham, o Lippi disse que os voluntários "são um exemplo de responsabilidade social e de cidadania".
Para o prefeito, apesar de o Poder Público fornecer os meios, o apoio de que precisam é o conhecimento que têm do bairro em que moram, dos problemas que enfrentam no cotidiano, que orienta e da o norte na realização de um trabalho mais estratégico e mais eficiente na resolução das dificuldades que possam ocorrer.
Como resultado da visita ficou estabelecida uma agenda de serviços que já estão sendo executados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e prosseguem neste final de semana. Também, foi realizado o levantamento topográfico em frente ao Parque Amadeu Franciulli, cujo objetivo é o de encontrar alguma solução para a drenagem das águas das chuvas. Toda a área do parque está sendo limpa, assim como a vegetação no entorno dos diques de proteção do bairro, com a desobstrução das tubulações.
Cidade tem sete Núcleos, nos quais atuam cem voluntários
São sete os Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC), instalados em Sorocaba: Vitória Régia, São Bento, Jacutinga, Laranjeiras, Abaeté, Brigadeiro Tobias, e Éden. Segundo o coordenador-adjunto da Defesa Civil de Sorocaba, Benedito Zanin, 110 voluntários atuam nessas unidades possibilitando um trabalho de eficiência à população.
A formação dos núcleos foi estimulada pela Prefeitura em janeiro de 2007, quando ocorreram vários problemas causados pelas fortes chuvas desse período. "Procuramos as lideranças de bairros e os grupos que se formavam espontaneamente nesses momentos para organizá-los e integrar essas pessoas por meio do Núcleo", explicou Zanin.
Esses voluntários, conforme disse, recebem treinamentos duas vezes por ano onde são informados acerca de como agir não apenas em casos de alagamentos ou inundações, mas, também, nas ocorrências de queimadas, inc&e