da assessoria de imprensa da Câmara de Sorocaba
Os avanços e desafios no tratamento do câncer foram tema de audiência pública realizada no plenário da Câmara Municipal de Sorocaba na noite desta terça-feira, 4, em que se celebra o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A iniciativa foi do vereador Hudson Pessini (MDB), que, desde o início do seu mandato, realiza audiências públicas anuais para tratar do assunto, com a participação de especialistas, com o objetivo de buscar melhorias no atendimento aos pacientes com câncer. A vereadora Cíntia de Almeida (MDB) também participou da audiência.
Pessini, que presidiu a audiência, foi ladeado, na mesa dos trabalhos, pelas seguintes autoridades: oncologista Lúcio Neves, coordenador técnico da Secretaria de Saúde, representando o secretário de Saúde, Ademir Watanabe; a presidente da Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, Maysa Santini de Souza; diretor do Instituto Oncológico de Sorocaba, oncologista Carlos Eduardo Ribeiro de Moura; e o médico Milton Palma, diretor do Departamento Regional de Saúde.
Hudson Pessini lembrou que, anualmente, morrem em todo o mundo cerca de 7,6 milhões de pessoas com câncer, das quais 4 milhões têm entre 30 e 69 anos. “Por isso, é importante aumentar a conscientização das pessoas acerca da doença, uma vez que, segundo as estimativas, cerca de 1,5 milhão de mortes por câncer poderiam ser evitadas com medidas adequadas”, afirmou o vereador, que é autor da Lei 11.594, de 2 de outubro de 2017, que instituiu em Sorocaba o “Mês de Luta contra o Câncer de Mama”, a ser realizado anualmente no mês de outubro.
O vereador observou que as campanhas de conscientização servem para chamar a atenção para o problema, observando que houve, por exemplo, uma redução na fila de espera por mamografia no município, que chegaram a ter 8 mil mulheres em 2017. Mas enfatizou que, além da prevenção e realização dos exames, também é fundamental que Sorocaba ofereça o devido tratamento aos pacientes diagnosticados com a doença.
A vereadora Cíntia de Almeida (MDB) disse que, somente neste ano, perdeu quatro amigos que morreram vítimas de câncer e afirmou que falta humanização no atendimento aos pacientes de câncer, devido à demora entre o diagnóstico inicial da doença, os exames e o tratamento. Por sua vez, o oncologista clínico Lúcio Neves disse que a Secretaria de Saúde está procurando definir protocolos e capacitar servidores para melhorar o atendimento aos pacientes com câncer.
Hospital especializado – O oncologista Carlos Moura, do Instituto Oncológico, fez uma exposição sobre como se dá o atendimento aos pacientes com câncer, observando que há uma certa demora entre a hipótese diagnóstica inicial e o encaminhamento para o especialista da Policlínica, que irá pedir novos exames, inclusive a biópsia (exame anatomopatológico), o que representa nova demora. Caso o câncer seja confirmado, o paciente deixa a Rede Municipal de Saúde e passa aos cuidados da Rede Estadual, podendo ser encaminhado para outra cidade.
“O caminho é longo, são várias etapas. E não dá para pular etapas. Elas precisam ser mais curtas”, enfatizou. “Infelizmente, um terço dos nossos pacientes estão sendo encaminhados para tratamento de câncer em Barretos, Jaú e Botucatu, cidades menores do que Sorocaba, mas que têm excelentes centros de tratamento de câncer”, afirmou Carlos Moura. Segundo ele, calcula-se que haverá 7.500 casos novos de câncer em 2020 na DRS Sorocaba, dos quais cerca de 2.500 serão casos de pele não melanoma”, contabilizou o oncologista.
“Descontando esses 2.500 casos, que são altamente curáveis com cirurgia, temos 5 mil casos novos de câncer por ano ou 400 casos por mês. Levando em conta que cada paciente faz, em média, 10 exames bioquímicos, isso representa 4 mil exames de sangue; 800 radiografias (duas por paciente); e 1.200 tomografias (três por pacientes). Um terço das tomografias vão exigir ressonância magnética, ou seja 400. E desse um terço, metade vai virar PET, ou seja, 200 PET-CT [Tomografia Computadorizada por Emissão de Pósitrons]. Esses casos vão gerar 300 cirurgias, 200 quimioterapias e 100 radioterapias. É impossível atender todo esse contingente dentro de um hospital geral. Por isso, temos que ter um hospital especializado em oncologia”, enfatizou.
Liga de câncer – A presidente da Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, entidade que desenvolve atividades voluntárias para custear exames de mamografia, observou que muitas mulheres têm receio de fazer esse exame. “A prevenção é fundamental. O exame tem que ser realizado o mais cedo possível. Existe a cura: desde que o câncer seja descoberto precocemente” – enfatizou Maysa Santini, destacando a corrida “Pink do Bem”, promovida pela entidade anualmente, no mês de outubro, para arrecadar dinheiro para custear exames, como os de mamografia, e oferecer apoio multidisciplinar às mulheres com câncer, gratuitamente. A Liga, segundo ela, atende cerca de 100 mulheres por mês, mas tem capacidade para atender mais mulheres.
Milton Palma afirmou que houve avanço na realização de mamografia, mas uma das maiores dificuldades é fazer o diagnóstico precoce do câncer. “Estamos avançando nas áreas de cirurgia e radioterapia, uma vez que vai começar a funcionar o acelerador linear da Santa Casa. Em abril ou maio, também entrará em funcionamento o acelerador linear do Conjunto Hospitalar. E estamos lutando para implantar um acelerador linear em Itapeva, para onde já levamos a área de cirurgia e quimioterapia”, afirmou Palma, adiantando que também estão sendo obtidos recursos para implantar a área de cirurgia na Santa Casa de Itu.
No final dos trabalhos, Hudson Pessini destacou que, a despeito dos desafios na luta contra o câncer, não se pode desistir. “Temos que ter uma estrutura mínima para cuidar da saúde do povo de Sorocaba e região” – enfatizou. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 4 da NET/Claro; e Canal 9 da Vivo) e poderá ser visto na íntegra no portal da Câmara e em suas redes sociais.