Cão terapeuta da GCM auxilia no desenvolvimento de menina com paralisia cerebral

31/10/2018 - Sorocaba - SP

da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba

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25 de dezembro de 2013. A data, que marca a comemoração do Natal, passou a ter mais um significado na família de Angélica Faustino Pereira da Silva, de 29 anos, que, na ocasião, deu à luz Maria Heloíza da Silva Ribeiro, na cidade de Sorocaba.

Ao contrário do que a época propõe – festa e alegria – o dia era de preocupação. Grávida de 26 semanas, Angélica teve descolamento da placenta e precisou ser internada às pressas para o nascimento de sua filha. “Os médicos diziam ‘ela não vai aguentar é muito pequena e o pulmão está fraco’, mas, eu sempre tive fé”, conta.

Maria Heloíza, que atualmente está com 4 anos de idade, nasceu com 900g e 26cm, por isso, passou seus dois primeiros meses de vida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Após algumas complicações e uma série de exames, a menina foi diagnosticada com paralisia cerebral. “Ela lutou muito para sobreviver”, desabafa Angélica.

Mesmo depois de receber alta, a pequena ainda fazia visitas constantes aos médicos. Além de não movimentar as pernas, a criança passava por problemas de saúde. Em busca de tratamentos, Angélica precisou levá-la em diferentes hospitais, mas, o que ela não imaginava, era que um cão – próximo à casa de seus avós – poderia dar novos rumos aos problemas que sua filha enfrentava.

O cão terapeuta Buddy, da raça Golden Retriever, tem apenas seis meses e já auxilia no desenvolvimento de Maria Heloíza. O animal, que compõe o “time” de cachorros do Canil da Guarda Civil Municipal (GCM) de Sorocaba, está sendo treinado para tratamentos sociais. “Foi praticamente uma química. Parece que ele (o cachorro) consegue sentir que precisa ajudar”, declara Ezequiel Ponciano Alves, chefe de seção do canil e especialista em terapia com animais.

A aproximação com o Buddy começou no início deste ano, quando o espaço foi inaugurado na Vila Rica, bairro onde moram os avós de Maria Heloíza. O casal, Inês Ozores da Rocha e Valdemar da Rocha, demonstrava apreço pelos guardas e os cães chamavam a atenção da pequena. “Observei que quando ela via os cachorros, o seu olhar mudava, ela sorria e demostrava que queria interagir”, comenta o guarda.

Com essa interação, Angélica percebeu que sua filha começou a apresentar mudanças de comportamento. “Notei que ela estava dormindo melhor, parou de ter crises de pneumonia, que tinha com frequência, e estava mais alegre e carinhosa”, ressalta.

Ponciano conta que o envolvimento de Maria Heloíza com o Buddy começou a crescer e não demorou muito para que a pequena pudesse ter a experiência de passear com o cão ao seu lado. “Dei uma guia para ela segurar e o cachorro andava próximo a sua cadeira de rodas. A autoestima dela cresceu muito”, declara o profissional.

Dessa forma, Maria Heloíza participou, acompanhada da GCM, do desfile do aniversário da cidade de Sorocaba (15 de agosto), e, também, da 1ª Caminhada da Inclusão (21 de setembro), onde chamou a atenção do público presente. “Ela segurava a guia com uma mão e acenava com a outra, parecia uma autoridade. Foi um momento fantástico, ela cativou todas as pessoas”, conta Ponciano.

Vestida com uma pequena farda da guarda, os policiais são a grande inspiração da pequena. “O sonho dela é voltar a andar e trabalhar como policial”, conta Angélica, contente com as evoluções da filha.

Cão terapia

Buddy chegou ao canil com apenas dois meses. Sua raça, Golden Retriever, é ideal para ser utilizada em terapias, pois apresenta um temperamento dócil, é inteligente e consegue ser adestrada com facilidade. O cão é preparado para atender as necessidades de pessoas que sofrem diferentes problemas como estresse, depressão, autismo, alterações neurológicas e distúrbios emocionais.

Esse tipo de tratamento traz benefícios físicos, psicológicos e sociais. De acordo com Ponciano, para se tornar um cão terapeuta, são necessários treinamentos específicos. “Nós trabalhamos de acordo com a necessidade de cada pessoa sempre pensando em contribuir na sua qualidade de vida”.

No adestramento de Buddy, Ponciano explica que, sempre que o cão executa um comando de maneira correta, recebe um prêmio. “Para isso utilizamos o petisco, mas, na verdade, a recompensa maior é o carinho, então eu dou um abraço bem forte para mostrar que ele agiu corretamente”, diz.

Ponciano iniciou o trabalho de terapia com cães a partir de um problema que quase o tirou da sua profissão. Emocionado, ele conta que há alguns anos foi diagnosticado com osteonecrose degenerativa no fêmur, uma infecção que o deixou um ano e seis meses sem andar e que a qualquer momento poderia entrar em sua corrente sanguínea e tirar a sua vida. “Eu consigo entender o que uma pessoa com deficiência sente porque já passei por isso. É terrível você querer andar e não conseguir, sentar e não conseguir, sorrir e não conseguir. Eu achei que ia perder a minha perna”, conta.

Ao perceber que seu cachorro, estava ao seu lado o tempo todo, o guarda começou a treiná-lo com a intenção de fazer o bem para alguém, que assim como ele, precisasse usar muletas ou cadeira de rodas. “Depois de uma semana vi que estava fazendo uma terapia para mim mesmo. Entrei em uma depressão sem saber e quem me ajudou a sair foi o meu cachorro”, relata.

Com as evoluções de Maria Heloíza, o profissional se empenha cada dia mais para treinar os cachorros do canil. “Hoje eu não meço esforços, tudo o que eu puder fazer para melhorar a vida de alguém, eu faço, porque sei o quanto é difícil”, declara.

O Canil

Vinculado à Secretaria de Segurança e Defesa Civil (Sesdec), o Canil da GCM, foi inaugurado em abril deste ano pelo prefeito José Crespo. Além da estrutura administrativa, o espaço conta com baias que abrigam sete cães das raças: Golden Retriever, Pastor Alemão, Pastor Belga de Malinois e Labrador.

Os animais, que são patrimoniados, desenvolvem diversas atividades no município como guarda e proteção; faro de entorpecente e arma; e trabalhos educativos com apresentações em escolas e entidades.

“Ei, cidadão! É a Guarda Civil, para a parede!”, diz Ponciano, enquanto Buddy simula uma abordagem policial. O profissional explica que a ideia é fazer com que o cão entenda como funciona essa situação, e, também, ensiná-lo a como se comportar neste tipo de caso.

O Canil da GCM está localizado na rua Laura Pacheco, 158, na Vila Rica. Informações pelo telefone (15) 3228-1677.

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