São 7.885 bonecos! Isso sem contar as milhares de peças, cenários e acessórios. Assim é o porão da casa de Pedro Paschoalotti, um "menino" de 41 anos que tem como hobby colecionar peças de Playmobil. Os bonequinhos de cabeça redonda, que assumem os mais variados personagens, foram um grande sucesso no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. Quase toda criança tinha um, mesmo que com poucas peças. E se não tivesse, algum vizinho, primo ou amigo tinha. E o universo do Playmobil sempre encantou Pedro, que hoje é dono do recorde da maior coleção de Playmobil do Brasil, segundo a RankBrasil, que está aqui em Sorocaba.
Visitar a casa do Pedro é como entrar para um mundo de diversão. A maior parte dos bonecos e dos cenários estão montados em grandes mesas, num espaço que ele reformou só para isso. Por lá, várias cenas medievais, de batalhas, do Egito, dos romanos, castelos, vikings, arca de noé, velho oeste, barcos... Os olhos parecem não ser capazes de enxergar tantos bonecos. "Chega até a doer a mão quando arrumo eles no lugar", conta Pedro. A paixão dele por colecionar coisas é bem antiga, vem desde os tempos de criança. Mas o interesse pelo Playmobil aumentou quando ele já estava adulto. "Ganhei meu primeiro Playmobil com cinco anos de idade. Brinquei bastante, mas era só ele." O carrinho amarelo com o boneco está lá até hoje. Mas foi em 2001, quando Pedro já tinha mais de 20 anos, que ele viu o brinquedo sendo vendido num supermercado. "Lembrei da minha infância e resolvi comprar. Nunca mais parei."
De lá para cá, o brinquedo -- que chegou a ser fabricado no Brasil, por duas indústrias -- passou a ser só importado. Acabou ficando mais caro, por isso muitas crianças de hoje não conhecem os bonecos que têm carinhas todas iguais, mas parecem bem diferentes uns dos outros pelas roupas, cores e temas. Como colecionador, Pedro acaba comprando o brinquedo direto da cidade de Zindorf, na Alemanha, onde fica a fábrica. "Tenho um amigo que mora lá e me ajuda." Ele gosta de achar tanto as novidades como aqueles raros, que acabam sendo oferecidos em sites de vendas.
Aprendendo as cores
Na casa que abriga a maior coleção de Playmobil do Brasil, Pedro com certeza é o mais animado com o brinquedo. Mas tem outra moradora, sua filha Ana Laura Paschoalotti, de 8 anos, que também ama ter um espaço tão colorido em casa. "É um brinquedo simples. Ela aprendeu tudo com o Playmobil: as cores, a contar, etc", diz Pedro. Ana -- que também possui as suas peças, a maioria baseadas em castelos e princesas -- acha a coleção do pai "muito legal". "Eu posso brincar algumas vezes com os dele. E gosto dos meus porque têm comidinhas, cenários, a gente usa a criatividade." Essa também é, na opinião do Pedro, a parte mais legal do Playmobil. "Os bonecos são simples, tem que ser criativo mesmo."
Laura diz que sempre que leva um amigo ou amiga em casa, todos ficam "chocados" quando visitam o espaço do pai. Quando o Cruzeirinho esteve por lá, ela aproveitava a tarde de férias ao lado da amiga Maria Eduarda Santana Passos, de 7 anos. "É muito legal. Eu tenho alguns e gosto porque as princesas podem mudar o cabelo e tirar as saias para sentar", disse Duda.
Sempre o mesmo: com dois olhos redondos e um sorriso
Quem já brincou com um Playmobil nunca mais se esquece. Passados tantos anos da sua invenção -- em 1974, por um alemão chamado Hans Beck -- ele se modernizou, mas continua o mesmo. Se por um lado dá para montar cenários tão diferentes, uma característica chama a atenção: os bonecos. Eles têm sempre o mesmo rosto -- com dois olhos redondos e um sorriso. Já o cabelo, que é possível destacar da cabeça, pode ser preto, marrom ou amarelo, mas é sempre com aquela franjinha que parece uma serra.
Mesmo sendo idênticos, quando se colocam os acessórios, eles ficam muito diferentes uns dos outros -- parece que até a expressão do rosto muda! As mãos em forma de U e os pés -- que mexem, sempre juntos -- também são uma característica especial do Playmobil.
O brinquedo também já virou até desenho animado. É o Super 4, que já foi transmitido, no Brasil, pelo Cartoon Network. Os 52 episódios podem ser encontrados no YouTube.
Autor: Regina Helena Santos - regina.santos@jcruzeiro.com.br