da assessoria de imprensa da Prefeitura de Sorocaba
Quelé, a Voz da Cor, livro de autoria dos jornalistas Felipe Castro, Janaina Marquesini, Raquel Munhoz e Luana Costa, da Editora Civilização Brasileira, resgata a trajetória da menina simples de Valença e que ficou conhecida no mundo da música apenas depois dos sessenta anos. Sua docilidade, que contrastava com a imensa força da sua voz, foram os elementos principais para a composição do livro, que Janaina Marquesini e os demais autores, irão discutir em Sorocaba em evento de resgate da memória de Clementina na Sociedade Cultural e Beneficente 28 de Setembro. O lançamento do livro, que contará com a apresentação da cantora Márcia Mah, será na quarta-feira (22) a partir das 20h, com entrada franca.
O lançamento de Quelé, a Voz da Cor, faz parte da programação oficial do Carnaval de Sorocaba e tem, segundo o secretário de Cultura de Sorocaba, Werinton Kermes, importância ímpar, pois traz para o centro do debate a vida e a obra de uma das nossas maiores sambistas. “O lançamento ocorre em um ambiente histórico e de muito simbolismo que é o 28 de setembro”, destaca o secretário.
A autora Janaína Marquesini aponta a influência do secretário de Cultura de Sorocaba, Werinton Kermes, em sua obra. “Foi a partir do documentário que o Werinton produziu e dirigiu, de forma independente, em 2011, que nós nos interessamos em ampliar e prosseguir no resgate de informações sobre a vida e a obra de Clementina. Nesse sentido, Werinton foi pioneiro e influenciou muito o nosso trabalho”, destaca.
A cantora Márcia Mah se apresentará cantando as obras consagradas pela sambista carioca, intercalando a apresentação e o debate sobre a obra de Clementina.
O 28 de Setembro fica na rua Machado de Assis, 112, Centro de Sorocaba.
Sobre Clementina de Jesus:
A leveza no olhar e o sorriso expansivo, de ponta a outra do rosto, sempre foram marcas de Clementina de Jesus, assim como a voz forte, marcante dessa negra do início do século e cantora de pulmão cheio. Nascida em 1901 em Valença, pequena cidade do estado do Rio de Janeiro, Clementina se mudaria, logo aos oito anos, para a capital junto com a família. De Valença ao bairro de Osvaldo Cruz, berço da escola de samba Portela, e onde a menina começou a cantar, o universo do samba tomou conta rapidamente de Clementina.
Tendo se casado em 1940, e até então desconhecida no mundo do samba, Clementina mudou com o marido para a Mangueira, outro clássico reduto da música carioca, tendo passado vinte anos da sua vida trabalhando como doméstica. Em 1963 foi descoberta pelo maestro Hermínio Bello de Carvalho, que a alçou à condição de estrela do espetáculo ‘Rosas de Ouro’, junto com os então músicos iniciantes Paulinho da Viola e Nelson Sargento.
Dois anos depois a sambista seria o destaque em apresentações no I Festival Mundial de Artes Negras em Senegal e no Festival de Cannes, na França.
Sua importância para o samba brasileiro é tão grande que, em vida, recebeu dos colegas de ofício o título de rainha do partido alto, ou rainha ginga e causou uma intensa fascinação em variados artistas da MPB. Gente tão diferente como Alceu Valença, Milton Nascimento e João Bosco, que registraram sua voz em seus álbuns. Sem ser uma figura de grande vendagem, sua presença de palco era impressionante. Sobre ela, Paulinho da Viola chegou a afirmar “parece que flutuava, a voz te trazendo pra realidade, mas o corpo flainando”.
A cantora faleceria aos 86 anos em Inhaúma, Rio de Janeiro, em 19 de julho de 1987, vítima de um derrame, deixando poucos registros, o que torna o livro Quelé, a voz da cor, ainda mais importante.