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Victor Barboza

Autor: Victor Barboza

Inflação: cuidado para não perder o seu poder de compra!

14/10/2019 - Sorocaba - SP

Vamos ver se você está bom de memória! Você se lembra quanto custava 1 kg de arroz em 1994? E um carro popular? Faz tempo, não é? Para quem não se lembra, 1994 foi o ano em que o Real passou a ser a nossa moeda. Foi a partir deste momento que o problema, da hiperinflação, do qual falarei mais adiante, passou a ser controlado. Mas antes disso, para não deixar as perguntas dos preços no ar, veja abaixo quanto custava alguns produtos em 1994 e quanto custam hoje:

Produto

Preço 1994

Preço 2019

Arroz (1 kg)

R$ 0,64

R$ 2,99

Feijão (1 kg)

R$ 1,11

R$ 3,49

Gol 1.0

R$ 7.243

R$ 39.990

Uísque Jack Daniel’s

R$ 33,50

R$ 119,99

Gasolina (L)

R$ 0,55

R$ 4,23

Dólar

R$ 1

R$ 4,10

Salário Mínimo

R$ 64,79

R$ 998

Fonte: os números de 1994 foram levantados com base em estudos do DIEESE, enquanto que os preços de 2019 foram levantados com base em preços praticados em e-commerces na data 11/10/2019.

Percebeu que todos os preços subiram? Esse é um movimento natural da economia, chamado inflação. A definição de inflação é o aumento contínuo e generalizado dos preços de uma economia. Existem três categorias de inflação, definidas com base na sua causa: de demanda, de custos e inercial.

A inflação de demanda está relacionada ao aumento dos preços por conta do aumento do poder aquisitivo das pessoas. Com mais dinheiro, aumenta-se a demanda, e, pela relação Oferta x Demanda, com a demanda superando a oferta, temos um aumento nos preços.

Já a inflação de custos acaba acontecendo por conta dos insumos necessários para o desenvolvimento de um produto ou serviço ficarem mais caros, encarecendo, então, o custo do produto ou serviço. Por exemplo, com o aumento do preço da gasolina, é normal que o frete fique mais caro.

Por fim, a inflação inercial é derivada de aspectos mais psicológicos fruto de períodos anteriores.

Repare que, na tabela dos preços de 1994 e 2019, apesar dos aumentos muitas vezes parecerem grandes, vale reforçar que estamos falando de 25 anos depois. E, na nossa história, esse aumento já chegou a acontecer em períodos de tempo muito menores, quando vivíamos a tal da Hiperinflação.

Hiperinflação: de manhã um preço, de noite um preço muito maior

Uma das principais funções da equipe econômica de um governo é conseguir controlar a inflação do país. Como praticamente tudo, os extremos não são bons. Quando há muito pouco dinheiro circulando na economia, o consumo cai, fazendo as indústrias produzirem menos, e, consequentemente, precisarem de menos pessoas, gerando menos empregos. Já no outro extremo, quando há muito dinheiro circulando na economia, as pessoas consomem mais, produzindo aumentos nos preços. Os governos buscam sempre buscar um equilíbrio. A taxa básica de juros (no nosso caso a Selic) é um dos instrumentos usados para manter ou direcionar a inflação para dentro da meta.

Quando o governo perde o controle sobre a inflação, acaba surgindo o cenário da hiperinflação. Há um rápido encarecimento dos preços, recessão e desvalorização da moeda local, em função do descontrole das contas públicas e impressão desenfreada de mais dinheiro.

Por definição dos economistas, a hiperinflação acontece quando a taxa é igual ou superior a 50% mensal. Historicamente, a maior hiperinflação ocorreu na Hungria, logo após a 2ª Guerra Mundial, quando a inflação mensal chegou a 41.900.000.000.000.000% (207% ao dia).

No Brasil, a hiperinflação ocorreu nas décadas de 80 e 90, terminando em 1994 com o Plano Real. Nesse período, diversos planos eram criados, como o Plano Cruzado, Plano Cruzado II e Plano Collor, que tentavam cortar zeros da moeda e congelar os preços, mas nunca atuavam em cima do déficit nos gastos públicos. Em números, a inflação atingiu 2.708% em 1993.

Já faz um bom tempo que não temos a tal da Hiperinflação. Mas isso não significa dizer que não temos mais inflação. Como já vimos, é natural uma economia como a nossa ter inflação.

Índices: a forma de mensurar a variação nos preços

Quando vamos num supermercado, nos deparamos com inúmeras opções de produtos. Num shopping, existem várias outras coisas. Ainda temos serviços, matérias prima e por aí vai. Dessa forma, pela grande quantidade de preços, imagina como seria medir a inflação produto por produto, serviço por serviço.

Para simplificar isso, existem os índices de inflação. Os índices são calculados com base numa cesta de centenas de preços de produtos e serviços. Cada índice tem uma metodologia própria e é medido por diferentes órgãos, como o IBGE, a FGV e a FIPE. E, justamente por serem uma média, é totalmente normal as pessoas sentirem em seus bolsos uma inflação maior do que foi apurado pelo índice.

O índice inflacionário oficial do Brasil é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE entre os dia 1 e 30 de cada mês. Ele considera gastos com alimentação, bebidas, artigos de residência, comunicação, despesas pessoais, educação, habitação, saúde e cuidados pessoais. Ele acaba refletindo os custos de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.

Atualização do cálculo do IPCA: trocando DVD, Revelação de Fotos e uso de Orelhão por serviços de streaming, apps de transporte

No cálculo atual do IPCA, alguns itens praticamente obsoletos ainda figuram nas contas, como assinatura de jornais, CDs, locação de DVDs, revelação de fotos e orelhão, enquanto que gastos que cada vez figuram mais no orçamento mensal dos brasileiros, como serviços de streaming, TV por assinatura, vídeo game, transporte por aplicativo, não estavam nos cálculos.

Mas fique tranquilo que isto vai mudar. Segundo o IBGE, 56 novos produtos e serviços passam a integrar o índice, a partir de janeiro de 2020. E lembre-se, estamos falando de um índice com cálculos e médias para o país todo. É comum você sentir no seu bolso um impacto menor ou maior da “inflação real”. E, por fim, para não perder o seu poder de compra, busque investimentos que superem a inflação.

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