Autor: Vander Christian
Churrasco é algo interessante. Já começa com a crise financeira, ela deixa as pessoas meio receosas de inventar algum tipo de comemoração. A pessoa tem vontade de organizar um churrasco, mas não quer gastar tudo sozinha. O desafio de convencer alguém a ajudar com algum dinheiro é difícil, precisa de coragem e determinação. Superado esses desafios, é só curtir o churrasco e deixar a hora passar. Com todos reunidos, fica até difícil saber quem não ajudou em nada ou quem está bancando o churrasco sem a ajuda de ninguém.
Confesso que não me sinto muito tranquilo em reuniões com churrasco. E nada tem a ver com o fato de ter que ajudar a pagar alguma coisa. O desconforto está ligado com os jogos, que vem depois do banquete. Nunca fui bom em jogos. Sou uma negação no dominó. Na sinuca, o meu desempenho também não é dos melhores. Jogos de cartas nem sei como começar a jogar. Então, só me resta ficar separado da maioria, que não vê a hora de começar uma partida. Já até tentei me socializar com o pessoal dos jogos; não obtive resultado satisfatório. Primeiro tentei o dominó, sempre ouvi dizer que era fácil de jogar, cheguei até a acreditar que era; mudei de ideia rapidamente, quando um dos meus primos, todo cheio de si, falou para o rapaz que estava do meu lado:
— Você pode jogar, o Vander não tem essa peça.
Fiquei sem entender nada. Olhei para o meu primo e tive certeza que ele estava vendo as minhas peças, mas como poderia ver elas, se estavam tão bem escondidas?
O jogo continuou. A partida não estava nada boa para mim. Minutos depois, foi a vez do rapaz, ao meu lado, gritar:
— Pode jogar, Vander! Estou esperando justamente essa peça para fechar o jogo!
Joguei. O rapaz deu dois tapas na mesa, enquanto meu primo lamentava a derrota. A vitória do rapaz parecia ser minha culpa, mas o que eu podia fazer? Só tinha aquela peça para jogar!
Disseram que eu não tinha a malícia do jogo. Deve ser isso mesmo. Outro dia resolvi arriscar na sinuca. A partida era em dupla. Em determinado momento, a bola ficou próximo da caçapa. Era só eu “matar” a bola e a partida estava ganha.
— Fica tranquilo — disse meu adversário para o companheiro. — O Vander não consegue “matar” essa bola.
Não matei. Perdemos a partida. Não tenho malícia para jogar. Decidi que o melhor a fazer depois de saborear um churrasco, é deitar numa rede e descansar.
Às vezes é preciso só isso: deitar, descansar e deixar de tentar entender certas coisas.
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